Com caixa recorde e vendas bilionárias de ações, Warren Buffett é o foco do mercado no aguardado encontro anual da Berkshire Hathaway
O lendário investidor Warren Buffett volta aos holofotes nesta semana com a aproximação da conferência anual da Berkshire Hathaway, marcada para este sábado (3). Investidores apelidaram o encontro, que ocorre em Omaha, Nebraska, de “Woodstock para capitalistas” e mais de 30 mil pessoas participam do evento todos os anos. É lá que Buffett compartilha suas visões de mercado e responde a perguntas por cerca de uma hora.
Aos 94 anos, Buffett é um dos homens mais ricos do mundo, com fortuna estimada em US$166 bilhões. Sua empresa, a Berkshire Hathaway, vale atualmente US$1,5 trilhão e está entre as dez maiores companhias do planeta. Embora mantenha discrição no dia a dia, o investidor costuma se pronunciar de forma contundente durante o evento, transmitido ao vivo pelo YouTube.
A Berkshire encerrou 2024 com um caixa de US$334 bilhões, o maior da sua história. O valor se deve, em parte, à venda de mais de US$134 bilhões em ações ao longo do ano. As principais reduções foram em participações da Apple e do Bank of America, dois pilares do portfólio da empresa.
Apesar da liquidez recorde, Buffett afirmou em sua última carta aos acionistas que prefere manter participações em bons negócios do que acumular ativos em dinheiro. Ainda assim, o mercado acompanha de perto a movimentação, interpretando o grande volume de caixa como uma preparação para futuras oportunidades — ou como sinal de cautela diante das incertezas econômicas globais.
A força da Berkshire Hathaway
Com um portfólio que inclui 189 empresas controladas, a Berkshire atua em diversos setores como seguros, energia, transporte ferroviário e varejo. As subsidiárias da Berkshire Hathaway empregam mais de 392 mil pessoas, enquanto apenas 27 funcionários atuam no escritório central da empresa. Entre os investimentos minoritários, destacam-se nomes como Coca-Cola, American Express e Moody’s.
A empresa também investe fora dos EUA, com participações em cinco grandes conglomerados japoneses e em empresas como a brasileira Nu Holdings, dona do Nubank. Os ativos da Berkshire são amplamente diversificados e sua gestão conservadora é vista como referência de estabilidade no mercado.
Com a morte de Charlie Munger no fim de 2023, a sucessão de Buffett se tornou um tema central. O canadense Greg Abel, atual vice-presidente e responsável pelos negócios fora do setor de seguros, já foi apontado como herdeiro do comando da holding. Os investidores enxergam o evento deste ano como uma chance de reforçar a confiança na continuidade da estratégia da empresa.
Além disso, a recente criação do fundo VistaShares Target 15 Berkshire Select Income ETF também chama atenção. O ETF foi desenvolvido para replicar a lógica de investimentos da Berkshire, com foco em empresas que integram ou seguem sua filosofia.
Com ou sem Buffett no comando, o encontro deste sábado promete trazer sinais sobre o futuro da Berkshire Hathaway — e do próprio mercado global.