Governo confirma que salário mínimo subirá de R$1.518 para R$ 1.621 em 2026, com reajuste que combina inflação e limitação fiscal
O governo federal anunciou oficialmente que o salário mínimo de 2026 será de R$1.621. Esse valor supera os atuais R$1.518, representando um aumento nominal de R$103, ou cerca de 6,79%. A correção utiliza dados do INPC, Índice Nacional de Preços ao Consumidor, acumulado em 12 meses até novembro do ano anterior. Somado a esse índice, havia a expectativa de aplicar a variação real da economia, medida pelo PIB de 2024, que cresceu 3,4%. Contudo, a vigência do Novo arcabouço fiscal limita o aumento real do mínimo entre 0,6% e 2,5%. Com isso, mesmo com inflação e PIB positivos, o reajuste real fica contido, resultando no valor de R$1.620,99, arredondado para R$1.621.
A confirmação veio após o anúncio do INPC definitivo e da publicação dos dados fiscais. O valor entrará em vigor em 1º de janeiro de 2026, sendo pago a partir de fevereiro, como de costume. Esse reajuste passa a vigorar como piso nacional, servindo como referência para milhões de brasileiros que recebem o mínimo diretamente.
Arcabouço fiscal influencia cálculo do reajuste
O reajuste do salário mínimo segue regra estabelecida nos últimos anos, que combina inflação medida pelo INPC com crescimento real econômico. A lógica busca proteger o poder de compra contra a alta de preços e, quando possível, promover ganho real, ou seja, aumento acima da inflação. Antes da adoção de limites, o piso poderia crescer mais nos anos de forte expansão econômica.
Entretanto, com a adoção do Novo arcabouço fiscal em 2023, passou a vigorar um mecanismo de contenção de gastos públicos. Esse regime impõe que o aumento real acima da inflação nos gastos, inclusive o salário mínimo, seja limitado a 0,6% a 2,5% ao ano. Mesmo que o PIB cresça mais, esse piso impede que o mínimo aumente além desse teto real.
Por esse motivo, apesar do PIB de 2024 indicar expansão de 3,4%, o ganho real aplicado ao salário mínimo foi limitado a 2,5%. A soma da inflação com esse teto permitiu alcançar o valor de R$1.621 para 2026. Essa regra vale até pelo menos 2030, de acordo com o arcabouço.
Impactos sociais e no orçamento público
O novo piso de R$1.621 tem impacto direto sobre milhões de brasileiros: trabalhadores formais, aposentados, pensionistas, beneficiários de programas sociais e quem recebe benefícios atrelados ao mínimo, como o abono salarial e o seguro desemprego. Além disso, o piso serve como referência para reajustes automáticos de muitos benefícios sociais.
Por outro lado, para o governo federal, esse reajuste representa um aumento significativo nas despesas obrigatórias. Gastos com previdência, benefícios sociais e seguro desemprego tenderão a subir. Isso reduz a margem para gastos discricionários, ou seja, investimento em áreas como saúde, educação e infraestrutura.
Economistas alertam que a vinculação dos benefícios ao salário mínimo aumenta a rigidez orçamentária, já que a cada R$1 de aumento do piso estima-se um impacto de centenas de milhões de reais nas contas públicas. Essa realidade alimenta debates sobre a necessidade de desvincular alguns benefícios do piso nacional e corrigi-los apenas pela inflação, para preservar a sustentabilidade fiscal.



