IPCA sobe 1,31% em fevereiro, puxado pela alta de 16,8% na energia elétrica. A inflação atinge maior nível para o mês desde 2003
Impacto da alta da energia no IPCA
O preço da energia elétrica residencial subiu 16,80% em fevereiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse aumento foi um dos principais responsáveis pelo avanço de 1,31% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a maior taxa para um mês de fevereiro desde 2003. O impacto da alta da energia no IPCA foi de 0,65 ponto percentual, colocando o grupo de Habitação como o mais influente na inflação do período.
Essa alta expressiva foi resultado da normalização dos preços após o desconto aplicado pelo Bônus de Itaipu em janeiro. O benefício, concedido pelo governo, proporcionou uma redução de até R$ 49 na conta de luz de milhões de brasileiros, resultando em uma deflação de 14,21% no primeiro mês do ano. Com o fim do desconto, os preços voltaram ao patamar normal, levando ao salto observado em fevereiro.
Outros setores também pressionam a inflação
Além da energia elétrica, a inflação de fevereiro também foi influenciada pelo reajuste das mensalidades escolares, que subiram 4,70%, e pelo aumento no preço dos combustíveis. A gasolina teve alta de 2,78%, o etanol subiu 3,62% e o diesel aumentou 4,35%, contribuindo para a elevação de 0,61% no grupo de Transportes.
O grupo de Alimentação e Bebidas também registrou avanço de 0,70%, com destaque para a alta no preço dos ovos (15,39%) e do café moído (10,77%). Em contrapartida, itens como batata-inglesa (-4,10%) e arroz (-1,61%) tiveram queda nos preços, ajudando a evitar um impacto ainda maior no IPCA.
Inflação acumulada supera meta do Banco Central
No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação chegou a 5,06%, ultrapassando o teto da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 4,50%. O resultado é o maior desde setembro de 2023, quando o IPCA acumulado atingiu 5,19%. O cenário preocupa o mercado, que monitora o comportamento da inflação de serviços, considerada persistente e difícil de controlar.
A inflação dos serviços, que inclui desde salões de beleza até cursos particulares, subiu 0,82% no mês e acumula alta de 5,32% em 12 meses. O Banco Central acompanha de perto esses dados, pois a inflação de serviços tende a responder mais lentamente à política monetária. Isso pode impactar futuras decisões sobre a taxa de juros.
Com a inflação acima do esperado, cresce a expectativa sobre a posição do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. O Copom pode adotar medidas mais restritivas para conter o avanço dos preços nos próximos meses. A taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,75% ao ano, pode ter sua queda desacelerada, impactando o crédito e o consumo no país.