Índia e Paquistão trocam acusações e medidas de retaliação após ataque terrorista na Caxemira, acirrando o risco de conflito militar
A crise entre Índia e Paquistão se intensificou após o ataque terrorista ocorrido na terça-feira (22) na região da Caxemira, que matou 26 turistas. O ataque foi realizado por homens armados que abriram fogo contra os turistas em Pahalgam, na porção indiana da Caxemira. O governo indiano acusou Islamabad de apoiar grupos terroristas como o Lashkar-e-Taiba (LeT), considerado um grupo terrorista globalmente, pelo ataque. O Paquistão negou as acusações, alegando que a Índia estava sem provas.
A região da Caxemira tem sido um ponto crítico de disputas entre os dois países desde 1947, quando a Índia e o Paquistão se dividiram após a independência do Reino Unido. A maior parte da população da Caxemira é muçulmana e, historicamente, muitos caxemires desejam se unir ao Paquistão. A Índia, que administra 43% do território, tem uma presença militar massiva na região.
Retaliação do Paquistão
Em resposta à acusação de apoio ao terrorismo e à série de medidas tomadas pela Índia, o Paquistão anunciou uma série de represálias diplomáticas. Nesta quinta-feira (24), Islamabad decidiu suspender todos os vistos emitidos para cidadãos indianos, exceto os concedidos a peregrinos religiosos sikh. Além disso, o governo paquistanês exigiu a retirada de todos os cidadãos indianos que estivessem no país. O Paquistão também anunciou o fechamento do espaço aéreo para aviões indianos, escalando ainda mais a crise diplomática.
A Índia também adotou medidas contundentes, como a suspensão de um tratado crucial de compartilhamento de águas do Rio Indo, assinado em 1960. A Índia acusou o Paquistão de apoiar o terrorismo transfronteiriço, alegando que esse apoio ameaça a segurança da Índia e a estabilidade da região, embora o tratado garanta o compartilhamento da água do Indo entre os dois países. A suspensão desse tratado gerou uma reação imediata de Islamabad, que afirmou que qualquer alteração no fluxo de água seria tratada como “um ato de guerra”.
Risco de um conflito militar
Com ambos os países possuindo armamentos nucleares, a crise na Caxemira levanta sérias preocupações sobre o risco de um conflito militar total. A situação se agrava ainda mais pelo histórico de desconfiança mútua e pelas trocas de declarações inflamadas. O ministro da Defesa paquistanês, Khawaja Asif, afirmou que seu país está preparado para responder a qualquer agressão, ressaltando que o Paquistão não cederá a pressões internacionais.
Os analistas alertam que, se a situação não for contida, ela pode evoluir rapidamente para um conflito armado de grande escala, similar ao que ocorreu em 2019, quando ataques aéreos entre os dois países quase resultaram em uma guerra total. Naquele ano, insurgentes atacaram um comboio policial indiano, matando 40 pessoas, e a resposta indiana foi um ataque aéreo no território paquistanês.
A Caxemira, com suas disputas territoriais e a presença massiva de forças militares, continua a ser uma das regiões mais militarizadas do mundo. O Paquistão e a Índia, ambos potências nucleares, estão em um impasse perigoso, e a escalada do conflito pode levar a consequências devastadoras não apenas para os dois países, mas para toda a região.