Quase 1.900 pessoas foram detidas na Turquia após protestos contra a prisão do rival político de Erdogan, Ekrem Imamoglu, em um cenário de repressão crescente
Protestos em massa e detenções em todo o país
Na quarta-feira (26), a prisão de Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul e principal rival do presidente Recep Tayyip Erdogan, provocou uma onda de protestos em várias cidades da Turquia. Em um movimento que tomou proporções imensas, a polícia deteve mais de 1.800 pessoas, incluindo jornalistas, advogados e cidadãos comuns. O ministro do Interior, Ali Yerlikaya, confirmou que a polícia prendeu 1.879 pessoas por “atividades ilegais”, e 260 delas aguardam julgamento. A repressão se intensificou com o uso de força policial para dispersar multidões, e dezenas de jornalistas foram alvos de detenções enquanto cobriam os protestos.
A polícia turca também lançou uma campanha de controle nas redes sociais, bloqueando mais de 700 contas, de organizações de notícias, jornalistas e políticos, em uma tentativa de calar a oposição. Isso gerou protestos internacionais, com a União Europeia e os Estados Unidos condenando as ações do governo de Erdogan. Eles classificaram essas ações como uma violação dos direitos humanos e das liberdades civis.
Imamoglu
Ekrem Imamoglu, que se tornou um ícone da oposição, foi destituído de seu cargo como prefeito de Istambul devido a uma investigação por corrupção, alegação que muitos consideram politicamente motivada. Imamoglu, eleito com uma ampla vitória em 2019, se tornou uma ameaça crescente para Erdogan. Isso se intensificou agora, com sua nomeação como candidato à presidência pelo Partido Republicano do Povo (CHP) para as eleições de 2028. No entanto, mesmo sob prisão, Imamoglu mantém uma postura desafiadora. Em uma mensagem enviada de sua cela, declarou: “Estou usando uma camisa branca que não poderão manchar. Tenho um braço forte que não poderão torcer. Não recuarei um milímetro. Vencerei esta guerra!”
Enquanto ele está atrás das grades, as manifestações não diminuem. No domingo (23), dezenas de milhares de pessoas se reuniram nas imediações da prefeitura de Istambul em mais uma grande manifestação. Universitários, trabalhadores e figuras políticas têm se unido para exigir a libertação de Imamoglu e a preservação da democracia turca. No entanto, o governo turco tem classificado esses protestos como ilegais, com o presidente Erdogan afirmando que tais movimentos são “shows políticos” que não devem ser tolerados.
Repercussão internacional
A prisão de Imamoglu e os protestos subsequentes geraram um forte clamor internacional. Diversos países, incluindo Alemanha, França e Grécia, condenaram as ações do governo turco. A Alemanha classificou a detenção como “totalmente inaceitável” e a França apontou como um “grave atentado contra a democracia”. A União Europeia também se manifestou, dizendo que a Turquia precisa respeitar os valores democráticos e os direitos fundamentais, essenciais para o progresso de sua adesão ao bloco.
Organizações de direitos humanos pediram a investigação sobre o uso excessivo da força policial contra os manifestantes, enquanto líderes políticos de oposição, como o próprio Imamoglu, garantem que continuarão a luta pelo restabelecimento da justiça. A situação na Turquia permanece tensa e com incertezas sobre os próximos passos, especialmente com a escalada da repressão e a contínua suspensão das liberdades civis.