Fóssil de tubarão com até 8 metros encontrado na Austrália revela que grandes predadores marinhos surgiram antes do esperado, há 115 milhões de anos
Descoberta de tubarão gigante
Cientistas identificaram na Austrália um fóssil de tubarão com tamanho estimado de oito metros que viveu há cerca de 115 milhões de anos. A descoberta muda a compreensão sobre quando os primeiros megapredadores marinhos surgiram no planeta. A descoberta foi descrita em um estudo que saiu no último dia 25 na revista científica Communications Biology, do grupo Nature. As vértebras encontradas pertencem a um animal da ordem dos lamniformes, a mesma que inclui o tubarão-branco (Carcharodon carcharias) e o tubarão-elefante (Cetorhinus maximus). Essa ordem possui espécies de grande porte e hábitos variados que se estendem da zona costeira até áreas oceânicas profundas.
A análise sugere que tubarões gigantes existem desde a Era dos Dinossauros e não apenas no período posterior, como muitos pesquisadores acreditavam. A idade das vértebras foi estimada em 115 milhões de anos com base na Formação Darwin, onde o material foi localizado. A região é conhecida por preservar fósseis de grandes vertebrados marinhos que habitaram águas frias e rasas. A descoberta desafia teorias anteriores sobre a evolução desses predadores e amplia o entendimento sobre os ecossistemas do Cretáceo.
Detalhes sobre o animal
Os pesquisadores estimaram que o tubarão poderia alcançar entre seis e oito metros de comprimento e pesar até três toneladas. A comparação foi feita com base em bancos de dados de espécies atuais e coleções científicas internacionais. As vértebras analisadas variam de 11,4 a 12,6 centímetros de diâmetro e apresentam características típicas de grandes lamniformes. O método estatístico utilizado cruzou dados de comprimento total, massa corporal e medidas ósseas para chegar a um tamanho aproximado do animal.
O coordenador da pesquisa, Benjamin Kear, afirmou que o fóssil antecipa em 15 milhões de anos a origem dessa linhagem de predadores. A equipe destacou que abordagens anteriores dependiam principalmente de dentes fossilizados, o que gerava margens de erro maiores. O estudo também comparou o fóssil com registros de gigantes conhecidos, como o Otodus megalodon. Embora o novo tubarão não alcance o tamanho estimado do megalodon, ele demonstra que o gigantismo evolutivo surgiu de forma mais precoce. Os cientistas ainda esperam localizar dentes ou outros restos ósseos na mesma formação para confirmar o tamanho do animal com maior precisão.
Ecossistema e implicações evolutivas da descoberta
A Formação Darwin apresenta sinais de um ambiente marinho de águas frias e latitudes elevadas durante o Cretáceo. A presença de um tubarão gigante nessa região sugere que esses animais possuíam a capacidade de regular a temperatura corporal em condições geladas. Esse processo é conhecido como mesotermia e pode ter sido um fator decisivo para o gigantismo observado nesses predadores. O estudo aponta que a ausência de grandes répteis marinhos no local indica que os tubarões ocupavam o papel de predadores de topo.
A descoberta reforça a ideia de que o gigantismo surgiu como adaptação a ambientes hostis e com alta demanda energética. Os pesquisadores acreditam que esse tubarão desempenhava um papel ecológico fundamental no equilíbrio do ecossistema local. A análise também sugere que os lamniformes se diversificaram muito antes do que o registro fóssil tradicional revelava. O achado contribui para preencher lacunas importantes na história evolutiva desses animais. A equipe planeja novas expedições na região para ampliar o conjunto de fossilizações disponíveis.



