O real acumula queda de 16,78% em 2024, tornando-se a segunda pior moeda da América Latina, atrás apenas do peso argentino
Fatores internos e externos
Em 2024, o real se destaca como uma das moedas mais desvalorizadas da América Latina, figurando em segundo lugar no ranking de quedas em relação ao dólar. Após um ano de desafios econômicos, a moeda brasileira perdeu 16,78% de seu valor até o final de setembro. Ela foi superada apenas pelo peso argentino, que teve uma desvalorização ainda mais acentuada, de 19,49%. Esta queda reflete uma série de fatores internos e externos que impactaram o desempenho do real ao longo do ano.
O principal fator interno que tem pressionado o real é a situação fiscal do Brasil. Apesar das tentativas do governo de controlar as contas públicas e alcançar um déficit zero, os resultados ainda estão longe de ser suficientes para estabilizar a moeda. Além disso, a inflação continua sendo um desafio constante, corroendo o poder de compra da população brasileira. A falta de confiança no mercado também reflete uma política fiscal que ainda não convenceu totalmente investidores e analistas.
Externamente, o cenário global também exerce uma pressão considerável sobre o real. A alta dos juros nos Estados Unidos, as tensões geopolíticas e a desaceleração econômica de grandes potências afetam as moedas emergentes, como o real. O dólar, com sua força crescente, tem impactado diretamente o câmbio, tornando o real ainda mais vulnerável.
Moedas latino-americanas
O real tem competido de perto com o peso argentino pela posição de moeda mais desvalorizada. Em comparação com outras moedas da região, como o peso mexicano (-16,72%) e o peso colombiano (-11,58%), o real se destaca pela intensidade de sua queda. O peso argentino, porém, continua sendo o grande protagonista dessa disputa, com sua desvalorização impulsionada pela inflação descontrolada e pela crise fiscal persistente.
Enquanto o peso argentino enfrenta uma inflação que já ultrapassou 270% em 2024, o real tem se desvalorizado por conta de uma combinação de fatores internos e externos. Essa diferença reflete a instabilidade política e econômica enfrentada por cada país, com o Brasil lidando com um cenário fiscal delicado e a Argentina, com um histórico de políticas econômicas falhas e instabilidade monetária.
A queda do real tem impactos diretos na vida dos brasileiros. O aumento da taxa de câmbio pressiona os preços dos produtos importados, encarecendo itens básicos do dia a dia. Além disso, a desvalorização do real também eleva o custo de vida, tornando mais difícil para a população enfrentar os desafios econômicos. Com isso, a inflação continua a ser uma preocupação central, enquanto o poder de compra da moeda brasileira é cada vez mais reduzido.
Comparação com o dólar
Em termos de comparação, a moeda brasileira segue uma trajetória de desvalorização frente ao dólar, que, em 2024, superou a marca de R$5,90. A alta do dólar no Brasil não é uma novidade, mas em 2024, ela tem sido mais pronunciada devido a uma combinação de fatores, incluindo as taxas de juros dos Estados Unidos, que impactam diretamente as economias emergentes. Com isso, o Brasil se encontra em um cenário desafiador, em que o real perde força tanto diante da moeda americana quanto de outras moedas latino-americanas.
A continuidade dessa desvalorização do real em 2024 coloca o Brasil em um cenário econômico de incertezas. Para que o real se recupere, serão necessárias mudanças significativas nas políticas fiscais e econômicas do país, bem como uma maior confiança por parte dos investidores. Caso contrário, a moeda brasileira pode continuar a ser uma das mais desvalorizadas da região.