EUA e China reduzem tarifas e anunciam trégua de 90 dias. Acordo sinaliza alívio nas tensões comerciais e reabre diálogo entre os países
As tensões comerciais entre Estados Unidos e China ganharam um novo capítulo em maio de 2025. Após semanas de negociações intensas, os dois países anunciaram um acordo para reduzir temporariamente tarifas de importação, sinalizando uma possível reaproximação e alívio para o comércio global. Mas qual o impacto real dessa decisão e o que esperar dos próximos passos?
Redução significativa das tarifas
Pelos próximos 90 dias, os EUA reduzirão tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China baixará as tarifas sobre produtos americanos de 125% para 10%. Além disso, o acordo prevê que certas categorias sensíveis, como produtos ligados ao fentanil, manterão uma sobretaxa adicional de 20%. As medidas representam uma pausa significativa após meses de aumentos tarifários. Esses aumentos impactaram cadeias de suprimentos e fizeram o fluxo de mercadorias despencar em portos estratégicos, como o de Los Angeles.
Impactos econômicos imediatos
A reação do mercado foi positiva: os futuros do S&P 500 subiram mais de 1% após o anúncio. Indústrias que dependem de importações, como a de tecnologia e automotiva, ganharam um fôlego necessário para replanejar estoques e entregas. Por outro lado, o nível tarifário de 30% ainda é muito superior ao patamar de antes da guerra comercial, mantendo pressão sobre empresas dos dois lados do Pacífico.
Janela de negociação de 90 dias
O acordo prevê a criação de novos canais de diálogo, batizados de “mecanismo de consultas comerciais”, com várias equipes técnicas discutindo temas específicos. O objetivo é solucionar desequilíbrios estruturais nas relações comerciais, como o déficit de US$1,2 trilhão dos EUA. As conversas serão lideradas pelo vice-premiê chinês, He Lifeng, e pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. Embora ambos os países tenham sinalizado interesse em evitar o “desacoplamento” de suas economias, analistas alertam para a dificuldade de resolver divergências profundas em apenas três meses.
O contexto dos terras raras
O acordo acontece em meio à escalada das restrições chinesas sobre exportação de terras raras – elementos essenciais para a indústria de alta tecnologia, defesa, carros elétricos e energias renováveis. Desde abril, empresas estrangeiras enfrentam dificuldades na obtenção desses insumos, já que a China domina cerca de 70% da produção mundial e quase todo o processamento desses minerais. A medida é vista como retaliação às tarifas americanas e destaca a importância estratégica do diálogo entre as duas potências.
O que esperar no futuro?
O prazo de 90 dias será decisivo. Se houver progresso, um novo marco nas relações comerciais pode ser estabelecido. Caso contrário, as tarifas podem voltar a subir, agravando a instabilidade econômica global. Empresas e investidores seguem atentos às negociações que definirão o tom do comércio internacional até o fim de 2025.