Médicas ganham 23% a menos que médicos, aponta pesquisa da Afya. Estudo revela impacto da desigualdade de gênero na medicina
Diferença salarial entre médicas e médicos
Nova Lima, março de 2025 – O estudo Pesquisa Salarial do Médico, desenvolvido pelo Research Center da Afya, aponta que médicas recebem, em média, 23% a menos do que seus colegas homens. De acordo com a pesquisa, a renda mensal das profissionais mulheres é de R$ 17.535,32, enquanto a dos homens chega a R$ 22.669,86.
A diferença aproximada de R$ 5.135 é motivada por dois fatores: o valor médio da hora trabalhada para médicos é de R$ 417, enquanto para as médicas fica em R$ 370, uma defasagem de R$ 48 (11,4%). O segundo ponto diz respeito à jornada de trabalho: enquanto os homens trabalham 54,3 horas semanais, as mulheres dedicam à profissão 47,4 horas, uma diferença de 6,9 horas por semana (12,6%).
A desigualdade salarial se manifesta em todas as categorias analisadas, incluindo idade, região e nível de formação. Entre os profissionais de 45 a 55 anos, a diferença de renda é menor, em torno de 8,1%, indicando um maior equilíbrio salarial.
Quando observadas as regiões de atuação, a menor diferença salarial entre os gêneros ocorre no Sul, com 15,4%. Nas demais regiões, os homens apresentam rendimentos superiores, com uma disparidade que varia entre 22% e 24%, sendo 22,6% no Norte, 22,2% no Nordeste, 24,2% no Centro-Oeste e 24,9% no Sudeste.
Maternidade na carreira médica
O estudo mostra que médicas mães dedicam menos tempo à profissão, cerca de 46,7 horas semanais, devido às jornadas duplas com responsabilidades familiares. Já médicos pais trabalham, em média, 55,2 horas semanais. Para médicas divorciadas ou separadas com filhos, a carga horária sobe para 50,7 horas semanais, indicando necessidade de compensação financeira.
“Conciliar vida pessoal e profissional ainda é um desafio para as mulheres. Essa desigualdade vai além da remuneração e envolve a divisão de responsabilidades dentro de casa”, afirma Eduardo Moura, médico e diretor de pesquisa do Research Center da Afya.
Além da desigualdade salarial, médicas enfrentam preconceitos no ambiente de trabalho, incluindo questionamentos sobre sua capacidade profissional. Para estimular a reflexão sobre o tema, a Afya lança a campanha “O peso da desigualdade”. A ação inclui um experimento social registrado em vídeo, disponível nas redes sociais da empresa a partir desta sexta-feira, 7 de março.
“As mulheres já são maioria na medicina desde 2024, mas ainda enfrentam barreiras que limitam seu avanço. Nosso objetivo é abrir espaço para essas vozes e promover mudanças reais”, explica Stella Brant, VP de Marketing e Sustentabilidade da Afya.