Ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, critica políticas do governo Lula e aponta riscos de inflação elevada, destacando falhas nas medidas adotadas
Em uma recente entrevista ao jornal O Globo publicada nesta quinta-feira (6), o economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central (BC), fez duras críticas às políticas econômicas do governo Lula (PT), afirmando que a administração está “dando um tiro no pé” ao adotar estratégias que vão contra os esforços da autoridade monetária. Segundo Loyola, as medidas do governo contribuem para uma pressão inflacionária crescente, contrariando diretamente as ações do BC, que busca reduzir a inflação.
Loyola destacou que as projeções para 2025 indicam uma inflação superior à meta de 3%, com teto de até 4,5%. O economista acredita que isso reflete as dificuldades do Banco Central em alcançar seus objetivos, citando a pressão adicional que essas ações governamentais causam. “Isso mostra que há uma dificuldade maior para o BC trazer a inflação para o centro da meta”, afirmou o ex-presidente do BC.
Medidas do governo aumentam pressão sobre o mercado
Loyola critica especificamente a liberação de R$ 12 bilhões do FGTS e programas de crédito, como a reformulação do consignado privado, que, segundo ele, agem no sentido oposto ao que o BC tenta implementar para controlar a demanda. “Enquanto o BC trabalha para reduzir a demanda e o crédito, o governo toma medidas contrárias ao que o BC está buscando”, declarou. Essas medidas, que incluem o aumento da circulação de dinheiro na economia, podem agravar a situação inflacionária, segundo o economista.
O ex-presidente também criticou a posição do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que declarou ser “relativamente normal” uma inflação de até 5%. Para Loyola, não é aceitável tratar a inflação dessa forma. “Não é para ficar confortável com 5% de inflação. O correto é estar preocupado e buscar reduzi-la a patamares internacionais, entre 2% e 3%”, disse, apontando que o comentário de Haddad pode ter sido uma tentativa de diminuir o impacto da crise econômica.
Impactos políticos e econômicos
Loyola comparou as atuais estratégias econômicas do governo com as adotadas no primeiro mandato de Dilma Rousseff, destacando o risco de repetir erros passados. “Ela fez de tudo para tentar segurar a inflação artificialmente e acabou perdendo a popularidade, o que levou ao impeachment”, lembrou. Para o economista, a falha em controlar a inflação pode prejudicar o apoio popular ao governo Lula, especialmente em um ano eleitoral.
O cenário é preocupante também para os investidores. A desvalorização do real e as dificuldades fiscais do Brasil geram desconfiança, o que pode resultar em maiores pressões sobre a economia. A atuação do Banco Central como “cavaleiro solitário”, como Loyola o descreve, reflete um isolamento crescente da política monetária, enquanto o governo segue adotando medidas expansionistas.
Fonte: InfoMoney