Estudo do CNJ revela que 8% dos processos de adoção no Brasil são desfeitos, destacando os desafios e impactos emocionais dessa realidade
Processo de adoção
No Brasil, a realidade dos processos de adoção envolve não apenas histórias de amor e esperança, mas também de desafios e interrupções. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgou dados que revelam que cerca de 8% das adoções são interrompidas. Entre janeiro de 2019 e outubro de 2023, 1.666 crianças retornaram ao sistema de acolhimento após processos frustrados.
O caminho para a adoção legal é complexo e inclui múltiplas etapas, como avaliação psicossocial e estágio de convivência. Mesmo após esse rigoroso processo, alguns laços se desfazem. A pesquisa indica que fatores como idade da criança, diagnósticos de transtornos mentais ou deficiência intelectual e uso de medicamentos contínuos aumentam as chances de desistência. Crianças acima de 5 anos representam uma parcela significativa dos retornos, com mais de 54% dos casos desfeitos envolvendo essa faixa etária.
Impacto emocional
Os efeitos das desistências são devastadores para as crianças. A volta a um abrigo ou a outra família acolhedora pode causar traumas profundos, como sentimentos de rejeição, baixa autoestima e até depressão. Alessandra Marques, devolvida ainda pequena por uma família adotiva, carregou inseguranças durante anos, mesmo após encontrar um lar estável. Sua mãe adotiva atual, Débora, relatou o desafio de reconstruir a confiança e o impacto emocional duradouro na filha.
Além dos fatores emocionais, a pesquisa do CNJ revelou desigualdades raciais. Crianças negras representam 68% dos casos de adoções desfeitas, enquanto as brancas somam 31%. Esse dado sugere que a questão racial pode também influenciar decisões e preconceitos dentro do processo adotivo.
Para reduzir a taxa de desistência, especialistas sugerem reforçar a preparação das famílias adotivas e o acompanhamento psicológico das crianças. Compreender e enfrentar esses desafios é essencial para garantir que a adoção cumpra seu verdadeiro propósito: proporcionar um lar estável e acolhedor para todas as crianças.