O Paedophile Information Exchange (PIE) defendeu a legalização do sexo com menores no Reino Unido entre os anos 1970 e 1980, operando legalmente por dez anos
O surgimento e os objetivos do PIE
Em 1974, ativistas no Reino Unido criaram o Paedophile Information Exchange (PIE) para promover a aceitação social da pedofilia. Seu objetivo principal era a redução ou abolição da idade de consentimento para relações sexuais com menores. O grupo alegava que crianças deveriam ter “direito à sexualidade” e defendia uma “normalização” do contato sexual entre adultos e menores de idade.
Durante sua existência, o PIE publicou revistas como Magpie e Understanding Paedophilia, além de organizar conferências e debates. O grupo conseguiu apoio de algumas entidades acadêmicas e profissionais, que na época acreditavam estar participando de uma discussão sobre liberdade sexual. Entre 1978 e 1983, o National Council for Civil Liberties (NCCL), um importante órgão de direitos civis no Reino Unido, afiliou o PIE.
Ascensão e polêmicas
Embora a sociedade britânica criticasse amplamente o PIE, a organização nunca operou de forma clandestina. O grupo tentou influenciar debates sobre a idade de consentimento, chegando a discursar em universidades e obter cobertura favorável de alguns setores da mídia. No entanto, recebeu forte oposição de políticos, jornalistas e da opinião pública.
Em 1977, o presidente do PIE, Tom O’Carroll, foi expulso de uma conferência acadêmica após professores ameaçarem boicotar o evento. No mesmo ano, documentos internos do grupo foram descobertos e vazados, revelando que muitos membros defendiam explicitamente relações sexuais com crianças de qualquer idade. Esse escândalo levou a um aumento da pressão política para a investigação do grupo.
Em 1982, as autoridades prenderam Geoffrey Prime, um ex-membro do PIE, por espionar para a KGB e cometer uma série de abusos contra menores. O caso gerou revolta e intensificou as tentativas de dissolver o grupo.
Investigação e fim do PIE
Em 1983, o diretor de escola escocês Charles Oxley entregou à Scotland Yard um dossiê com evidências sobre o PIE, estimando que a organização tinha cerca de mil membros. No ano seguinte, Tom O’Carroll foi condenado a dois anos de prisão por “conspiração para corromper a moral pública”, marcando o início do fim do grupo. Em 1984, sob forte pressão e com vários membros sob investigação, o próprio PIE anunciou sua dissolução oficial.
No entanto, documentos da polícia indicam que a lista de mais de 300 membros do PIE permaneceu secreta por décadas. Somente em 2025 a BBC revelou que essa lista estava em posse das autoridades desde os anos 1970. O vazamento mostrou que alguns ex-integrantes do grupo ainda estavam em contato com crianças por meio de atividades profissionais ou voluntárias, levantando questionamentos sobre as falhas na proteção infantil no Reino Unido.
Legado e repercussão
O caso do PIE continua sendo um dos episódios mais polêmicos da história britânica. A revelação do apoio de algumas instituições ao grupo gerou debates sobre a vulnerabilidade das crianças e a necessidade de medidas mais rigorosas para proteger menores de idade contra exploração.
O escândalo também serviu como um alerta sobre grupos que tentam se aproveitar de debates sobre direitos civis para propagar agendas criminosas. O fim do PIE demonstrou que a sociedade e o sistema legal podem reagir contra organizações que promovem a exploração infantil, mas também revelou a necessidade de constante vigilância.
Fonte: BBC News