Correios enfrentam prejuízo recorde de R$ 2 bilhões em 2024 e risco de insolvência. Estatal adota teto de gastos e medidas emergenciais
Maior rombo da história da estatal
Os Correios acumulam um prejuízo de R$ 2 bilhões até setembro de 2024, o maior da história da estatal para o período. Se o ritmo continuar, o déficit poderá superar o registrado em 2015, de R$ 2,1 bilhões, durante o governo Dilma Rousseff. A estatal atribui a situação à frustração de receitas e a heranças contábeis de gestões anteriores.
Desde a chegada de Fabiano Silva dos Santos à presidência dos Correios, decisões controversas, como o pagamento de ações trabalhistas milionárias e a assunção de dívidas previdenciárias, agravaram a crise. Em 2024, a empresa comprometeu-se a transferir R$ 7,6 bilhões ao fundo de pensão Postalis, que enfrenta um déficit elevado. Além disso, a redução nas importações, atribuída à “taxa das blusinhas”, impactou significativamente as receitas.
Medidas emergenciais
Para conter a crise, os Correios decretaram um teto de gastos de R$ 21,96 bilhões e implementaram medidas de contingenciamento. Entre elas, destacam-se a suspensão de contratações de terceirizados por 120 dias, a renegociação de contratos com corte de 10% nos custos e a revisão rigorosa de novos acordos. Mesmo assim, a previsão é de um déficit de pelo menos R$ 1,7 bilhão para 2024.
A empresa justificou as medidas como forma de evitar o risco de insolvência, ou seja, de falência financeira que exigiria resgate pelo Tesouro Nacional. Segundo especialistas, o cenário reforça a urgência de uma reestruturação completa das operações da estatal.
Apesar da crise, os Correios anunciaram um concurso público para contratar 3.511 funcionários, com salários de até R$ 6.872,48. A medida gerou críticas, dado o contexto financeiro, mas a estatal mantém o compromisso com as provas e contratações planejadas.