Yoon Suk-yeol sobrevive a impeachment após aliados boicotarem votação. Lei marcial e protestos intensificam crise política na Coreia do Sul
Impeachment barrado por boicote aliado
No sábado (7), o presidente Yoon Suk-yeol escapou de um processo de impeachment na Assembleia Nacional da Coreia do Sul. A moção, apresentada pelo principal partido de oposição, o Partido Democrata, precisava de dois terços dos votos para ser aprovada, o equivalente a 200 dos 300 assentos parlamentares.
Os 192 votos garantidos pela oposição foram insuficientes, já que parlamentares do Partido do Poder Popular (PPP), aliado de Yoon, abandonaram o plenário durante a votação. Apenas três membros do PPP participaram: um permaneceu em seu assento, enquanto outros dois retornaram para votar. Esse boicote estratégico garantiu a sobrevivência política de Yoon, apesar da insatisfação popular e das críticas da oposição.
Lei marcial: estopim da crise
Na última terça-feira (3), Yoon Suk-yeol decretou lei marcial, um dispositivo constitucional que substitui a legislação civil por leis militares. A decisão incluía o fechamento da Assembleia Nacional e o controle estatal da imprensa. Ele justificou a medida alegando que aliados da Coreia do Norte estavam infiltrados no país.
O governo revogou a lei marcial na manhã de quarta-feira (4), apenas seis horas após implementá-la. O decreto foi amplamente criticado como autoritário, provocando indignação entre parlamentares e a população. Durante um discurso público, Yoon pediu desculpas e afirmou que agiu por desespero. “Estou muito arrependido e gostaria de pedir sinceras desculpas ao povo que ficou chocado”, disse. No entanto, ele não apresentou sua renúncia.
Protestos e desafios políticos
Desde a decretação da lei marcial, milhares de sul-coreanos têm ocupado as ruas, pedindo a saída de Yoon. Pesquisas recentes mostram que a maioria da população apoiava o impeachment, refletindo o descontentamento com sua gestão.
A crise atual se soma a conflitos anteriores. Em abril, o Partido Democrata venceu as eleições parlamentares, conquistando mais de 170 assentos. Desde então, a oposição aprovou moções para investigar a primeira-dama e rejeitou o orçamento do governo, cortando cerca de R$ 17 bilhões. Essas ações ampliaram a tensão entre os poderes.
A oposição promete continuar pressionando o presidente enquanto protestos indicam que o descontentamento popular deve persistir. O futuro político de Yoon dependerá de sua habilidade para superar a crescente instabilidade e restaurar a confiança pública.