Ucrânia rejeita mediação de Lula na guerra com a Rússia, apontando perda de confiança e criticando sua aproximação com Putin
A Ucrânia anunciou oficialmente que não aceita mais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como mediador da guerra contra a Rússia. Em entrevista à CNN Brasil, representantes do governo do presidente Volodymyr Zelensky declararam que Lula perdeu toda a credibilidade. A chegada do presidente brasileiro a Moscou, na quarta-feira (7), para participar de um evento militar, reforçou a posição ucraniana.
Um porta-voz não identificado foi direto: “Sem um mínimo de confiança, Lula não tem o direito de reivindicar para si qualquer posição nas futuras negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia. Ele não tem mandato. Para ser franco: a Ucrânia não precisa dos serviços de Lula”. Essa é a crítica mais contundente feita até agora por Kiev à atuação diplomática brasileira.
Visita a Moscou gerou incômodo em Kiev
A presença de Lula em Moscou durante as comemorações pelos 80 anos da vitória soviética contra o nazismo foi considerada ofensiva. O presidente vai acompanhar um desfile militar na sexta-feira (9), na Praça Vermelha, ao lado de Vladimir Putin e do presidente chinês, Xi Jinping.
Segundo fontes ucranianas, a recusa em aceitar Lula se intensificou após ele não responder aos convites para visitar a Ucrânia. A tentativa de uma conversa telefônica entre Lula e Zelensky, antes da viagem à Rússia, foi ignorada por Kiev. Para os ucranianos, o gesto demonstra aliança simbólica com o agressor.
O Itamaraty evitou comentar diretamente as críticas. Uma fonte do governo reiterou que o Brasil segue comprometido com a diplomacia. Desde o início da guerra, o país condena a invasão russa e defende o diálogo como única solução.
Lula pretende apresentar novamente a proposta sino-brasileira de paz ao líder russo. O governo brasileiro reforça que o diálogo com todos os lados é um princípio histórico de sua política externa. Apesar disso, Kiev descarta qualquer papel futuro de Lula nas negociações.