Inflação de 2024 ultrapassa a meta e preocupa especialistas. Entenda os impactos econômicos e desafios para 2025 diante do cenário de alta persistente
Estouro da meta
O Brasil encerrou 2024 com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 4,83%, acima do teto da meta de 4,5% estabelecida pelo Banco Central. Este resultado marca a oitava vez desde 1999 que a meta foi descumprida. A desvalorização do real, que perdeu 27,36% frente ao dólar, foi um dos principais fatores para a alta de preços, refletindo-se no custo de insumos importados e bens essenciais.
Produtos como gasolina, que subiu 9,71%, e etanol, com alta de 17,58%, tiveram impacto direto no bolso dos consumidores. Além disso, alimentos e serviços seguiram pressionando o índice. A inflação nos serviços, como alimentação fora do lar e transporte, revelou a dificuldade de conter o aumento em setores sensíveis à política monetária.
Em resposta, o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, terá a responsabilidade de justificar o descumprimento da meta em uma carta aberta ao Ministério da Fazenda. Este documento deve detalhar os motivos para o estouro, bem como as medidas para controlar a inflação e o prazo esperado para atingir os objetivos estabelecidos.
Projeções para 2025
Economistas projetam que a inflação em 2025 pode novamente ultrapassar o teto da meta, fixada entre 1,5% e 4,5% dentro de um sistema contínuo. Instituições como XP Investimentos e Bradesco BBI estimam índices entre 5,8% e 6,1%, refletindo a manutenção de pressões inflacionárias. A continuidade da desvalorização cambial e a demanda interna aquecida estão entre os principais fatores que dificultam a convergência da inflação para o centro da meta.
Setores como o de alimentos devem seguir pressionados. Hortifrútis, carnes e produtos industrializados já apresentam aumentos previstos para o início de 2025, impactando diretamente os consumidores. Serviços básicos, como educação, também tendem a sofrer reajustes sazonais, reforçando a complexidade do cenário econômico.
Para o Banco Central, reancorar as expectativas inflacionárias será crucial. Além disso, o setor produtivo enfrenta o desafio de repassar custos sem perder competitividade. O consumidor, por sua vez, sente a redução do poder de compra, com impactos diretos no varejo e na indústria. O ano de 2025 promete ser decisivo para a política monetária, exigindo estratégias eficazes para estabilizar a economia e conter a escalada de preços.
Fonte: InfoMoney