Globo aposta em Jade Picon em sua primeira novela vertical, um formato mobile que já soma milhões de visualizações no streaming
O fenômeno das novelas verticais
O consumo de dramaturgia mudou e as novelas verticais estão no centro dessa transformação. O formato nasceu na China, onde ficou conhecido como duanju, conquistando mais de um bilhão de espectadores. A fórmula é clara: episódios curtos, entre dois e cinco minutos, gravados em tela vertical e recheados de reviravoltas. O sucesso se espalhou rapidamente por aplicativos como TikTok e Kwai, e em pouco tempo chegou ao Ocidente.
No Brasil, o aplicativo ReelShort já mostrou a força do modelo ao lançar A Vida Secreta do Meu Marido Bilionário, produção que ultrapassou 200 milhões de visualizações em apenas duas semanas. O impacto foi tão grande que chamou a atenção das emissoras de TV, que agora enxergam nesse modelo uma forma de se conectar ao público jovem e digital.
Jade Picon à frente do primeiro teste da Globo
A Globo iniciou as gravações de seu primeiro piloto no formato vertical. A atriz e influenciadora Jade Picon foi escolhida como protagonista, em uma produção dirigida por Adriano Melo, o mesmo que comandou Malhação – Toda Forma de Amar. O projeto, chamado internamente de microdrama, contará inicialmente com três episódios de até cinco minutos, todos gravados em 9:16 para consumo direto em celulares.
A proposta é avaliar a viabilidade do modelo e, se o resultado for positivo, ampliar a produção. A ideia é lançar os capítulos tanto em plataformas próprias, como Globoplay e Gshow, quanto em aplicativos que já exploram esse mercado, como TikTok e ReelShort. A escolha de Jade, que já possui grande engajamento digital, reforça a intenção da emissora de unir dramaturgia e redes sociais.
Concorrência internacional e o caso Netflix
O movimento da Globo acontece em sintonia com o mercado internacional. A Netflix anunciou recentemente que também trabalha em projetos de séries verticais, numa tentativa de disputar atenção com plataformas de consumo rápido. Com mais de 300 milhões de assinantes, a gigante do streaming percebeu que não poderia ignorar a ascensão desse formato, principalmente entre as novas gerações. O fato de até a maior plataforma de vídeo sob demanda investir em conteúdo vertical mostra que a tendência deixou de ser uma moda passageira e já se consolidou como realidade global.
Além do projeto com Jade Picon, a Globo também se prepara para investir em doramas, gênero de origem asiática que é febre mundial. Um piloto baseado em uma trama escrita por Walcyr Carrasco já foi gravado e prevê 60 episódios de até 30 minutos, com estreia inicial no Globoplay. As duas apostas, novelas verticais e doramas, revelam uma estratégia clara da emissora. O objetivo é ampliar o alcance da dramaturgia, diversificar formatos e reconquistar o público que hoje consome entretenimento principalmente pelo celular. A Globo sinaliza que pretende acompanhar as mudanças culturais e se reposicionar em um mercado que se reinventa a cada ano.