Dólar chega a R$ 6,26 em meio a incertezas econômicas e políticas. Bolsa cai 3,15%, refletindo temores sobre pacote fiscal e decisão do Fed
Dólar dispara e bate recorde nominal
Nesta quarta-feira (18), o dólar fechou em R$ 6,267, marcando a maior cotação nominal desde a criação do Plano Real. O aumento de 2,82% em um único dia reflete as incertezas econômicas e políticas que pressionam o mercado brasileiro.
Sem intervenção do Banco Central (BC), a moeda norte-americana iniciou o dia cotada a R$ 6,11, recuou brevemente pela manhã e voltou a subir após declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O ministro afirmou que o dólar deveria se “acomodar”, o que gerou desconfiança entre os investidores e aumentou a pressão sobre a moeda brasileira.
A alta do dólar foi intensificada pela decisão do Federal Reserve (Fed), que cortou a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual. Apesar do corte, o comunicado do Fed indicou que adotará uma postura mais cautelosa em 2025, reduzindo expectativas de novos cortes e fortalecendo o dólar frente a moedas emergentes, como o real.
Bolsa desaba e cenário fiscal preocupa investidores
O índice Ibovespa, principal referência da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), encerrou o dia com queda de 3,15%, aos 120.772 pontos. Esse foi o menor nível desde junho, acentuado após a decisão do Fed e pela preocupação com a votação do pacote fiscal no Congresso Nacional.
Os investidores reagiram negativamente à possibilidade de desidratação do pacote de cortes de gastos proposto pelo governo. Considerado insuficiente para reverter o déficit fiscal, o pacote ainda enfrenta resistência no Congresso, aumentando as incertezas sobre as contas públicas.
Com o cenário global de juros elevados nos Estados Unidos, o real se desvalorizou 21,5% ao longo de 2024. Essa depreciação é a quinta pior em 24 anos, destacando os desafios enfrentados pela moeda brasileira em um ambiente de instabilidade econômica e política.
Especialistas apontam que a recuperação do real dependerá de uma política fiscal robusta e de um ambiente externo mais favorável em 2025. Especialistas consideram ajustes estruturais essenciais para restaurar a confiança dos investidores e estabilizar o mercado cambial.