Em 2024, o Brasil reduziu o déficit público para R$ 47,6 bilhões, mas a dívida cresceu para 76,1% do PIB. Veja os desafios fiscais
Contas públicas fecham 2024 com déficit menor
O setor público consolidado do Brasil registrou um déficit primário de R$ 47,6 bilhões em 2024, o equivalente a 0,4% do PIB. O resultado representa uma melhora expressiva em relação ao déficit de R$ 249,1 bilhões (2,3% do PIB) registrado em 2023. Essa redução se deve, em parte, às menores despesas extraordinárias do governo.
Apesar do avanço, os números ainda preocupam. O governo federal teve um déficit de R$ 45,36 bilhões, enquanto estados e municípios conseguiram um superávit de R$ 5,88 bilhões. Empresas estatais, por outro lado, tiveram saldo negativo de R$ 8,07 bilhões.
Endividamento segue em alta
Mesmo com a redução do déficit primário, a dívida bruta do governo seguiu uma trajetória de alta, alcançando 76,1% do PIB, o equivalente a R$ 9 trilhões. O crescimento da dívida é impulsionado principalmente pelo pagamento de juros, que somou R$ 950 bilhões em 2024 (8,05% do PIB). Esse fator limita a capacidade do governo de investir em outras áreas, como infraestrutura e programas sociais.
O Brasil continua com uma dívida superior à média de outros países emergentes e da América Latina, aproximando-se dos níveis observados em economias desenvolvidas da Zona do Euro.
Juros e impacto na economia
Os juros elevados são um dos principais fatores que encarecem a dívida pública. A taxa Selic segue em patamar alto, aumentando o custo dos financiamentos e impactando diretamente a capacidade do governo de equilibrar as contas.
Especialistas alertam que, se não houver crescimento econômico significativo e controle de gastos, a dívida pode atingir 93% do PIB até 2032. Reformas estruturais, como a tributária e administrativa, são apontadas como fundamentais para garantir a sustentabilidade fiscal a longo prazo.
Perspectivas para o futuro
O governo conseguiu atingir a meta fiscal de 2024, graças à margem de tolerância prevista no arcabouço fiscal. No entanto, desafios persistem. Analistas ressaltam a necessidade de medidas adicionais para conter o crescimento da dívida e manter a confiança dos investidores.
A trajetória da dívida dependerá da capacidade do país de controlar gastos, aumentar a arrecadação e manter uma política monetária equilibrada. Caso contrário, os custos do endividamento poderão comprometer ainda mais o crescimento econômico.