Paul Marchant renuncia ao cargo de CEO da Primark após investigação interna sobre conduta inadequada. Empresa nomeia diretor interino
Investigação leva à renúncia imediata
Paul Marchant, CEO da Primark desde 2009, renunciou ao cargo com efeito imediato após uma investigação conduzida e divulgada nesta segunda-feira (31) pela Associated British Foods (ABF), controladora da varejista. A apuração, realizada por advogados externos, investigou alegações de comportamento inadequado de Marchant em relação a uma mulher em um ambiente social. Ele reconheceu seu erro de julgamento e admitiu que suas ações não atenderam aos padrões esperados pela empresa. Em seguida, pediu desculpas à pessoa envolvida, ao conselho da ABF e aos colegas da Primark.
A ABF ressaltou que busca manter um ambiente de trabalho baseado no respeito e na dignidade. O CEO da companhia, George Weston, declarou estar “imensamente desapontado” com o ocorrido e reforçou que a cultura da empresa deve ser maior do que qualquer indivíduo. A empresa também informou que continua a oferecer suporte à mulher envolvida no caso.
Histórico de liderança e expansão da Primark
Durante os 16 anos de liderança de Marchant, a Primark experimentou uma expansão significativa. Nesse período, mais que dobrou o número de lojas, chegando a mais de 450 em 17 países, incluindo o Reino Unido, Europa e Estados Unidos. A empresa tornou-se uma das varejistas mais lucrativas, com um lucro operacional superior a £1 bilhão no último ano fiscal.
A Primark representa quase metade da receita total da ABF e é a maior fonte de lucros do conglomerado, que também atua nos setores de alimentos, ingredientes e agricultura. Em janeiro, a ABF reduziu sua previsão de crescimento da varejista. A decisão foi baseada no impacto do fraco sentimento do consumidor no Reino Unido e no cenário econômico desafiador.
Impacto e medidas futuras
A saída abrupta de Marchant representa uma mudança significativa para a Primark, que teve apenas dois CEOs em mais de 50 anos. Eoin Tonge, diretor financeiro da ABF, assumirá interinamente o cargo de CEO da Primark. Além disso, a companhia já iniciou a busca por um novo líder, e especialistas do setor avaliam que a posição é uma das mais cobiçadas no varejo, devendo atrair grande interesse.
A renúncia ocorre em um momento desafiador para a Primark, que tem o objetivo de atingir 530 lojas até 2026. Além disso, a concorrência no setor de moda de baixo custo tem se intensificado, e a empresa busca fortalecer sua posição no mercado internacional.
Após a divulgação da renúncia, as ações da AB Foods chegaram a cair 5% na Bolsa de Londres, antes de se recuperarem parcialmente. Analistas do mercado indicam que a incerteza sobre a sucessão na liderança pode gerar volatilidade no curto prazo, mas ressaltam que a marca continua sendo um dos ativos mais valiosos do grupo.
Paul Marchant construiu uma carreira consolidada no varejo antes de ingressar na Primark. Ele trabalhou em empresas como Topman, Debenhams, River Island e New Look, antes de se tornar diretor de operações da Primark em 2009 e, posteriormente, CEO no mesmo ano. Seu legado inclui a transformação da Primark em uma gigante do setor de moda acessível.