Casos de intoxicação por metanol acendem alerta no Brasil; Vigilância Sanitária orienta cuidados na compra e consumo de bebidas alcoólicas
O Brasil vive uma onda de preocupação após registros de intoxicação por metanol em diferentes estados. Em São Paulo, cinco mortes já foram confirmadas, além de casos suspeitos em investigação. Em Pernambuco, três ocorrências recentes chamaram atenção da Secretaria Estadual de Saúde. Duas vítimas morreram e uma perdeu a visão após consumir bebidas possivelmente adulteradas. A Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária destacou que a fraude não se limita a destilados. Segundo a diretora Karla Baêta, qualquer tipo de bebida pode ser alvo de adulteração.
O risco está em falsificadores que substituem parte do álcool etílico por metanol, substância altamente tóxica e de baixo custo. A ingestão mínima já pode provocar sintomas graves, como náuseas, dor de cabeça, sonolência e vômitos. Em poucas horas, os efeitos evoluem para alterações neurológicas, convulsões e até cegueira irreversível. As autoridades ressaltam que o diagnóstico precoce é fundamental para reduzir complicações e salvar vidas. O desafio está em diferenciar os sinais iniciais, semelhantes a uma embriaguez comum, dos sintomas de intoxicação química.
Situação em São Paulo e Pernambuco
Até a manhã desta quarta-feira (1º), os episódios de intoxicação por metanol se concentram no estado de São Paulo. O balanço oficial aponta cinco mortes confirmadas por intoxicação direta com metanol, uma morte confirmada a partir de bebida adulterada, quatro óbitos ainda sob investigação e dezessete casos suspeitos em análise. Esses números reforçam a gravidade da situação e a necessidade de ampliar medidas de prevenção.
Em Pernambuco, três casos também estão em investigação. Dois homens morreram após consumir bebidas supostamente adulteradas e um paciente perdeu a visão. O Instituto de Medicina Legal recebeu as amostras das vítimas para análise. O cenário mostra que a contaminação não está restrita a uma única região, tornando o problema uma preocupação nacional. A Vigilância Sanitária alerta que a circulação de produtos adulterados exige atenção redobrada de consumidores e comerciantes.
Orientações de consumo para reduzir riscos
A Vigilância Sanitária reforça que consumidores devem adotar medidas preventivas antes de ingerir bebidas alcoólicas. O primeiro passo é adquirir produtos apenas em locais credenciados e confiáveis. Verificar a integridade do lacre e a clareza das informações no rótulo é essencial. Garrafas originais devem apresentar dados de fabricação, validade, teor alcoólico e o registro oficial de 13 dígitos do Ministério da Agricultura.
Em bares e restaurantes, recomenda-se solicitar que a dose seja servida diretamente da garrafa original. Já para drinques prontos, o ideal é consumi-los apenas em locais fiscalizados e com licença sanitária ativa. Preços muito abaixo do mercado funcionam como um alerta importante de fraude. Para comerciantes, a Apevisa orienta atenção redobrada na escolha de fornecedores. Comprar de distribuidores ilegais expõe clientes e negócios a sérios riscos. A fiscalização busca não apenas identificar bebidas adulteradas, mas também retirar lotes suspeitos de circulação rapidamente.
Ações de fiscalização
As secretarias de saúde estaduais e municipais articulam operações conjuntas para conter a proliferação de bebidas contaminadas. Em Pernambuco, fiscais realizam inspeções em distribuidoras e pontos de venda, coletando amostras para análise laboratorial. Produtos suspeitos podem ser interditados imediatamente, evitando novos casos de intoxicação. O trabalho envolve parceria com Procon, Ministério Público e órgãos policiais. Essa integração amplia a capacidade de fiscalização e garante punição aos responsáveis.
Uma nota técnica foi encaminhada às unidades de saúde, orientando equipes médicas a identificar rapidamente os sintomas. Hospitais são instruídos a notificar casos suspeitos e a aplicar protocolos específicos, incluindo uso de antídotos e hemodiálise nos quadros graves. Em São Paulo, autoridades já fecharam fábricas clandestinas e bares ligados à venda de produtos adulterados. A meta é criar uma rede de vigilância capaz de agir preventivamente e reduzir a circulação de bebidas ilegais.
Responsabilidade compartilhada entre Estado e sociedade
As autoridades reforçam que a prevenção não depende apenas da fiscalização oficial. A população precisa estar atenta a sinais de adulteração e denunciar irregularidades. Consumidores podem denunciar irregularidades ao Procon, às vigilâncias municipais ou diretamente às polícias locais. Canais como o CIATox e o Disque Saúde também orientam consumidores 24 horas. Especialistas lembram que falsificadores exploram a busca por preços baixos e a falta de informação. Por isso, a orientação é clara: evitar qualquer bebida sem procedência ou com custo muito inferior ao normal.
Para comerciantes, cabe a responsabilidade de proteger clientes, adquirindo mercadorias de fornecedores idôneos. A intoxicação por metanol não é um problema isolado, mas sim uma ameaça coletiva. Sua prevenção exige ação coordenada entre Estado, mercado e sociedade. A conscientização pública é peça-chave para impedir que novos casos se repitam. O alerta agora é nacional, e a mensagem é simples: segurança deve vir antes do consumo.