EUA e China avançam em acordo para manter o TikTok com maioria americana; negociação pode destravar encontro entre Trump e Xi
Após anos de negociações, Estados Unidos e China estão prestes a finalizar um acordo que permitirá a continuidade do TikTok nos EUA. A decisão representa um marco nas relações entre as duas maiores economias do mundo, que vinham travando embates sobre segurança digital e propriedade intelectual. O presidente Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping discutiram os termos por telefone nesta sexta-feira (19), sinalizando que o entendimento está próximo.
O TikTok, que conta com 170 milhões de usuários americanos, vinha sob ameaça de banimento desde a aprovação da lei bipartidária que exigia controle majoritário por investidores dos EUA. A proposta atual prevê que 80% das ações fiquem em mãos americanas, enquanto a chinesa ByteDance manteria os 20% restantes. O acordo envolve fundos de private equity, empresas de tecnologia e investidores de peso como Oracle, Andreessen Horowitz e Silver Lake.
Fontes próximas às negociações afirmam que o consórcio seria gerido por um conselho majoritariamente americano, incluindo um representante indicado pela administração Trump. Apesar disso, nem Washington nem Pequim confirmaram oficialmente os detalhes, o que mantém parte do acordo sob sigilo.
A importância estratégica para Trump e Xi
O avanço nas negociações vai além da tecnologia: abre caminho para um encontro entre Trump e Xi ainda neste ano. Autoridades americanas afirmam que sem o acordo do TikTok, uma reunião entre os líderes não seria possível. O diálogo sobre o aplicativo tornou-se, portanto, peça-chave em um tabuleiro diplomático marcado por tarifas comerciais, acusações antitruste e medidas de retaliação.
A China, que inicialmente resistia em reduzir sua influência na ByteDance, decidiu cooperar após meses de tensões comerciais agravadas pelo embargo dos EUA. Para Pequim, ceder nesse ponto pode significar garantir estabilidade em outras frentes, incluindo exportações e investimentos estratégicos. Para Trump, garantir a operação do TikTok em solo americano fortalece sua base política, já que o aplicativo desempenhou papel relevante em sua vitória eleitoral de 2024.
Riscos, críticas e expectativas para o futuro
Mesmo com avanços, críticos nos EUA alertam que a entrega do TikTok a investidores americanos não resolve todas as questões de segurança nacional. Preocupações com dados de usuários e possíveis vínculos indiretos com o governo chinês ainda persistem. Além disso, analistas apontam que a série de prorrogações concedidas por Trump em relação ao banimento do app contrariaram a vontade expressa do Congresso.
Na China, há quem veja o acordo como concessão excessiva a Washington, mas autoridades defendem que a cooperação estratégica vale o esforço. O Wall Street Journal revelou que boa parte da estrutura do acordo já estava delineada desde abril, mas foi interrompida pelo aumento das tarifas americanas. Com a retomada do diálogo, a expectativa é que o anúncio oficial ocorra antes da visita de Trump à Ásia no fim de outubro.
Se confirmado, o acordo poderá redefinir o equilíbrio de poder digital, servindo de modelo para futuras disputas envolvendo tecnologia e soberania. Mais do que a sobrevivência do TikTok nos EUA, trata-se de um símbolo da complexa interdependência entre Washington e Pequim.