O Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, busca alertar a população sobre os perigos do tabagismo para a saúde. Abandonar o vício é um grande desafio, e muitos fumantes recorrem a diferentes métodos, como o uso de cigarros eletrônicos. Esses dispositivos têm se tornado cada vez mais populares, especialmente entre os jovens, como uma primeira experiência com o tabaco. Embora proibidos no Brasil, há uma percepção equivocada de que o cigarro eletrônico seja menos prejudicial, alimentada pela forte influência das redes sociais.
No entanto, o oncologista clínico e coordenador do Comitê de Tumores Torácicos da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dr. William Nassib William Junior, alerta que o uso desses dispositivos não é inofensivo. “Os cigarros eletrônicos também geram dependência e podem provocar diversos problemas de saúde”, afirma. “Entre os mais jovens, a nicotina presente pode inclusive comprometer o desenvolvimento do cérebro”, acrescenta.
Outro motivo para evitar o cigarro eletrônico é que ele aumenta em mais de três vezes a probabilidade de experimentar o cigarro tradicional, segundo o estudo “Risco de iniciação ao tabagismo com o uso de cigarros eletrônicos: revisão sistemática e meta-análise”, realizado pelo INCA (Instituto Nacional de Câncer) e publicado em 2022.
Relação entre cigarro eletrônico e câncer
Dr. William William Junior destaca que, além da nicotina, os cigarros eletrônicos contêm várias substâncias conhecidas por serem tóxicas. Os efeitos a longo prazo da exposição a esses componentes através do uso de cigarros eletrônicos ainda são desconhecidos. No curto prazo, além dos danos causados pela nicotina, o cigarro eletrônico pode causar inflamações graves nos pulmões.
“Ainda não há uma ligação direta comprovada entre o uso de cigarros eletrônicos e o desenvolvimento de câncer. No entanto, é importante ressaltar que muitas das substâncias presentes nos cigarros eletrônicos são reconhecidamente cancerígenas e causam tumores pulmonares em modelos animais expostos ao vapor desses dispositivos”, comenta o coordenador do Comitê de Tumores Torácicos da SBOC.
“Embora não haja evidências concretas de um aumento no risco de câncer de pulmão em usuários de cigarros eletrônicos, isso não significa que esse hábito seja seguro. O tempo de observação desses usuários é, até o momento, insuficiente para estabelecer tal comprovação”, acrescenta.
Os principais problemas de saúde associados ao uso desses dispositivos incluem inflamações pulmonares, comprometimento do desenvolvimento cerebral e dependência química causada pela nicotina.
O oncologista clínico recomenda que quem deseja parar de fumar procure orientação médica: “Atualmente, existem várias opções, tanto medicamentosas quanto não medicamentosas, que podem ser bastante eficazes no processo de abandonar o vício. Contar com apoio profissional pode aumentar as chances de sucesso nessa jornada”.